22 de maio de 2012

Entrevista :: Michel Leme

Fala Galera!!!!

Interrompemos nosso curso de improvisação um pouco para postar uma entrevistas.
Desta vez com Michel Leme, sem dúvidas alguma um dos grandes talentos da música brasileira, e também grande colaborador educacional da guitarra no Brasil.
Michel é um guitarrista muito versátil tendo em seu currículo diversos trabalhos artísticos e educacionais nos mais segmentos musicais.
Em relação a entrevista, no geral está muito massa, muito bem completa e dirigida, acho que tem muita coisa boa para nos agregar.
Michel!!! Agradeçemos a atenção e a colaboração, entrevistas assim nos faz ter a certeza que todo o trabalho é recompensador, o pessoal lê e realmente pode aprender algo com o entrevistado, que geralmente nos atende muito bem dando detalhes enriquecedor sobre suas carreiras.. oi um grande prazer!!! Valeuzaço!!!!
Pessoal!!! Segue então a entrevista... não deixem de ler está bem interessante.



1-) Primeiramente, gostaríamos de saber como foi o seu início no instrumento? e o que te incentivou a tocar guitarra?

Obrigado pela oportunidade, Ramon e todos do Guitar Tech! De fato, o primeiro instrumento que toquei foi o baixo, eu curtia muito o som do Paul McCartney e quando eu tinha 07 anos já tinha tocado uma parte de um baile com meu irmão num salão na Vila Santa Izabel (meu bairro), um show num ginásio na Vila Formosa (colégio “Marques da Cruz” onde cursei meu colegial) e, além disso, vivia pegando os contrabaixos em pausas de ensaios, ou seja, enchendo o saco de todo mundo. Eu me lembro de que eu ficava tocando riffs como “Black Dog” e os caras ficavam tipo “quem é esse moleque?”. Mas, logo em seguida, com 08 anos, comecei a tocar violão com meu avô, que me ensinou os primeiros acordes e com quem eu toquei minhas primeiras músicas inteiras. E, por ter conhecido Hendrix, Black Sabbath, Led Zeppelin através de meu irmão, eu também já tocava violão como guitarra, ou seja, com palheta e a pegada de guitarrista. Eu tinha verdadeiro fetiche por guitarras, eu ficava olhando fotos, vendo vitrines e babando, sonhando em tocar. Eu queria tocar guitarra desde sempre, uma tara mesmo. Aí, com 13 anos eu ganhei uma guitarra, um amplificador Mikassim, uns pedais velhos do meu irmão e comecei a tocar por aí.




2-) Quais foram as primeiras influências? 

O repertório de violão brasileiro mais a música caipira - que era o que eu tocava com meu avô e Jimi Hendrix.









3-) Atualmente o que anda ouvindo e estudando? 

Ultimamente ando ouvindo as gravações do Coltrane do seu último ano de vida, 1967. Miles Davis Quintet (64/68) é um vício que não me abandona, além da fase do Bitches Brew ao vivo com Chick Corea, Wayne Shorter, Dave Holland e Jack DeJohnette. Também ouço direto a rádio Cultura FM, que toca música clássica; outro dia rolou uma peça de Chopin que simplesmente tinha várias frases que o Art Tatum usava – esqueci o nome da peça... Também não consigo parar de ouvir “Goldberg Variations” de Bach com Glenn Gould (a segunda versão) e a Missa de Stravinsky. Além disso, sempre volto a ouvir o “Far Beyond Driven” do Pantera, algumas faixas do “Rust In Piece” do Megadeth, Van Halen e Black Sabbath - e mais um monte de outras coisas.



4-) Em termos de equipamento qual o set que costuma usa?, varia muito de show para estúdio? 

Toco sempre com meu amplificador Libra 100 da Rotstage, com 100W RMS e totalmente valvulado. Desenvolvemos esse conjunto cabeça/caixa a partir de 2006 e desde 2007 tenho o prazer de só usar esse ampli, seja em estúdio ou ao vivo - só vario a quantidade de amplificadores ao vivo pro rock: às vezes levo duas cabeças e duas caixas com 2X12, o que é o suficiente pra gerar uma bela massa de som. Guitarras: uso as M Model que desenvolvi junto com o Ivan Freitas da Music Maker; são corpos sólidos muito versáteis e muitíssimo bem construídas. Estamos muito contentes com essa guitarra, estou usando a M Model desde dezembro de 2010. A guitarra acústica que uso atualmente foi construída pelo João Cassias, é uma “true hollow body” impressionante também. Cordas: D’Addario Chromes .012 pra guitarra acústica (com a E .013 e a G desencapada .022) e D’addario EXP .011 nas guitarras sólidas. Pedais: Fire Custom (Distortion e Booster) e Rotstage (Distortion) - as fontes e pedalboards são Fire Custom. Cabos: Tecniforte.







5-) Recentemente você gravou com o Michel Leme Trio um DVD, intitulado Na Montanha, que além de ótimas composições traz um cenário muito rico e bem planejado, como surgiu essa idéia de gravar um DVD dando não só apenas atenção para as composições mas também ao cenário onde estavam tocando? 

Depois de gravar o “5º”, que foi meu quinto CD autoral, eu fiquei a fim de gravar músicas novas com o Bruno Migotto (baixo) e o Bruno Tessele (bateria). Pra isso eu resolvi gravar um DVD, porque, pelo menos para mim, a imagem ajuda a memorizar a música. E, já que iríamos fazer algo com imagem, nada melhor do que escolher o cenário louquíssimo e mais natural impossível que foi tocar numa montanha que fica numa área de preservação ambiental em São Francisco Xavier, subdistrito de São José dos Campos, um verdadeiro santuário da natureza. Com exceção da primeira música que teve dois takes, o DVD foi feito com takes 1 e tudo rolou num clima muito especial com artes acontecendo simultaneamente: música, filmagem (6 câmeras), foto e pintura - a capa e ilustrações da contracapa foram pintadas enquanto tocávamos. É realmente emocionante e arrebatador tocar em meio à natureza. O pessoal que assistiu está curtindo, o que é um tremendo bônus, já que o simples fazer já foi um verdadeiro prêmio. Pra este trabalho eu tive o apoio das marcas Cassias, D’Addario, EM&T, Espaço Sagrada Beleza, Fire Custom, Rotstage e Tecniforte. A mix, master, edição e arte foram feitas pela MF Produções na figura de meu amigo Flávio Tsutsumi (com meus palpites) e contamos com o apoio logístico e trabalho dos integrantes do Espaço Cultural Ventos Uivantes (núcleo da Associação Jatobá).









6-) Atualmente tocando com a banda Sangue, no que isso afeta na sua maneira de tocar? já que atualmente você tem desenvolvido trabalhos mais na área do Jazz e o Sangue é uma banda de rock, há alguma influência do jazz que pode ser usado no Rock e vice versa? 

Desde 2005 eu voltei a tocar rock direto, que foi quando meu amigo Abdalla Killsam teve a idéia de me chamar para formar a banda “Born Again”, cujo repertório é o que há de mais pesado do Black Sabbath - estamos com esta banda até hoje, meu hobby ensurdecedor. Eu dava umas canjas por aí, é fato, mas foi a partir daí que comecei a voltar minha atenção pra essa linguagem, o que me fez, inclusive, providenciar um setup ideal pra isso. Em 2007, quando terminamos o Libra 100 na Rotstage eu já vi que ele era perfeito para, além do som pra guitarra acústica, usar um pedal de distorção, porque ele faz o efeito do pedal soar melhor do que em qualquer outro amplificador que já tive - e olhe que já tive vários... A partir daí, fiz algumas coisas com amigos do rock: gravei o A.R.M. com Rodrigo Grecco e Armando Cardoso (disco que só espera ser prensado), participei do Tributo ao querido Wander Taffo, Tributo a Dio, gravei uma faixa no disco “Arena” do Thiago Bianchi, participo do disco solo do Ivan Busic (a ser lançado), coordenei e toquei no EM&T plays Hendrix em 2011 e, em 2010, fui chamado para formar a banda SANGUE, com os queridos Kiko Muller, Fabio Zaganin e Paulo Zinner. No SANGUE eu estou tendo a experiência de compor em grupo, o que é algo novo para mim, já que no som instrumental eu levo os temas prontos e o que acontece coletivamente são as improvisações sobre os temas – que também são composições, só que feitas na hora e sem “borracha” pra consertá-las. No rock é diferente, mas não menos prazeroso; ficamos atentos às idéias uns dos outros e vamos acrescentando o que a música pede e repetindo até a música ir “se fazendo”. Enfim, é bem divertido o processo, o som está bem pesado – riffs nojentíssimos - e tem várias surpresas. No som instrumental não vejo que tenha a influência do rock muito presente. Talvez tenha mais influência do som instrumental nos meus solos no rock, porque sou a mesma pessoa, só que tocando bem mais alto e com distorção, o que muda a linguagem, sem dúvida, mas a essência permanece. Nos solos do SANGUE eu tenho o espaço para improvisar sempre, não estou a fim de deixar solos fixos por mais que fiquem marcantes nas gravações. A improvisação é um fator importante para trazer vida à música, independente do gênero, na minha opinião. Nosso primeiro single está no youtube, chama-se “Solidão” e, no momento, estamos preparando o primeiro disco, já temos cinco bases gravadas. Aguardem!



7-) Você também é bem reconhecido como professor de guitarra, na sua opinião como o fato de lecionar contribui na vida do músico como artista? 

Acredito que a vida de músico e artista influi nas aulas no sentido em que ensino algo que vivo e faço constantemente, o que colabora, por exemplo, para que as aulas não sejam baseadas em hipocrisia ou fantasias. Já a influência das aulas na minha vida artística está no seguinte: as aulas pagam minhas contas e ao tocar eu não preciso dizer “amém” a ninguém na face da Terra. Além disso, toco direto com os alunos em aula e eles gravam para poder acompanhar o processo de forma mais realista. Tem sido prazeroso e gratificante.









8-) No momento, está desenvolvendo algum projeto novo, o qual gostaria de mencionar? 

Eu estou curtindo tocar em formações com dois saxofones, dois baixos e batera. Vamos ver, estou afim de gravar algo assim, bem bagunçado e energético. No mais, o objetivo-mor é tocar! É daí que vem tudo.



9-) Michel, nós do blog Guitar Tech, agradecemos sua colaboração e atenção, para finalizar gostaríamos que deixasse uma mensagem aos fãs e leitores do blog.

Eu é que agradeço, Ramon e todos do Guitar Tech! E muito obrigado pela atenção de quem nos lê. Mensagem: sejam honestos com a música, não queiram que ela os sirva - já está cheio de fariseus fazendo isso. Preparem-se para servir à música e sintam o imenso prazer e realização que isto proporciona.
Abraços!
Michel Leme
Pessoal, caso alguém queira adquirir o DVD do Michel Leme está disponível no EM&T de Jabaquara e no Souza Lima Jardins, você também pode encontrá lo, na Timbres em Campinas, na Aqualung, da Galeria do Rock, na Pop´s Disco e na Free Note:

Valeu!!!! Abraço a todos!!!

ROCK!!!

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